Filosofia enquanto pensamento grego (Thaumázein) traduz o termo para espanto, admiração diante do novo. Todos os seres humanos nascem com esta perspectiva. Infelizmente, ao longo do tempo, acabamos nos acostumando com todas as coisas e perdemos este contato maior com o filosofar.
Muitas vezes o ato do filosofar é morto por contas do convívio social que temos, pelo contexto familiar e até algumas vezes pela própria escola que frequentamos. Platão aponta no Mito da caverna que existem alguns seres que não se deixam levar pelo contexto. Conseguem sobreporem-se, saírem da caverna, perceberem que o que até então eles viam não passa de sombras. Que existe um mundo inteligível fora da caverna onde está a essência de todas as coisas e tem por obrigação voltar ao interior da caverna e esclarecer seus antigos companheiros.
Este, logo é o mais apto a governar os demais (Rei-Filósofo), por ter contemplado mais de perto a idéia de verdade e de essências da todas as coisas que existem no mundo sensível. Assim, o próprio Platão acaba por condenar a arte, relegar a esta a ser apenas cópia da natureza, que por sua vez é cópia da essência.
Ouso discordar de Platão e afirmar que na verdade a arte é o ponto de start para um mundo desconhecido, concordando com Arthur Schopenhauer quando aponta, por exemplo, na Metafísica do Belo, que a arte por excelência (MÚSICA), é a saída mesmo provisória da angústia do homem. Esta provocada pelo vontade constante do homem, por não conseguir ser plenamente feliz, por conta, de que sempre que algum desejo é realizado vem logo de imediato um novo desejo, e assim, tais desejos movem o homem, dando impulso de vida.
A grande pergunta é: em que ponto termina a filosofia e começa a arte? Ouso afirmar que as duas estão entrelaçadas na dependência uma da outra. Arte então: é aquela que provoca os sentimentos do homem, por mais que Platão condene o sensível. A arte contemporânea, por exemplo, acaba por interagir com o observador. Criatura e criador, arte e observador, acabam por se confundir.